domingo, 5 de fevereiro de 2012

Paulinho e a Grama.

Há alguns dias finalmente decidimos aparar a grama de casa. Depois de quatro meses lidando com pedreiros, restos de construção, caixas de mudança e tudo mais que uma reforma propicia, finalmente tivemos um tempo para olhar para o jardim e consequentemente para a grama.

Quatro meses sem apará-la, pleno verão, bastante umidade... a Tarsila quando ia brincar lá até parecia uma onça andando no meio da selva. Como ela já tem quase o tamanho de uma onça, isto significa que a grama estava como uma selva mesmo. A grama estava tão grande que a Mi estava até com medo de pegar temperos que estão plantados num canteiro cujo único acesso é através do gramado. Também, coitadinha, magra e pequena daquele jeito, ainda mais bronzeada como ela está, ia ser a própria curumim perdida na selva.

Aí então surge o Paulinho, meu sogro, especialista em grama. Primeiro ele trouxe um aparador que usa fio de nylon. Quando ele analisou melhor o tamanho da selva amazônica, resolveu que era preciso usar a máquina grande, que utiliza uma lâmina de aço. Ok, eu um completo leigo cujo único domínio sobre selva sempre fora a selva de pedra paulistana, deixei rolar.

O velhinho decidiu fazer uma demonstração. Cigarrão no canto da boca, óculos escuros, aquela camiseta de propaganda que ele usou as férias inteiras e a grama cada vez mais baixa.

O Paulinho é tão ou mais impaciente que a filhinha dele. Assim, a demonstração contemplou praticamente o gramado todo. Não é um gramado grande, mas, meu sogro é carequinha e branco, bem branco. Tão branco que fica como um peru só de ficar debaixo do guarda-sol. Eu estava ficando preocupado com a moringa dele tostando no sol e aquele suor descendo pela testa, quase apagando o cigarrinho.

Peguei então o primeiro aparador para fazer os cantos, e ele, já na sombra, só me observando. Quando eu abaixei a máquina e cortei o primeiro raminho de grama, o Paulinho já veio correndo dizendo que eu estava fazendo errado, tomou a máquina colocou-a para lá e para cá e fez mais um bom tanto.

Aí eu tomei dele e tentei fazer de novo. Ele voltou para a sombra para me observar. Depois de uns dois minutos, que para ele devem ter parecido umas duas horas, ele foi em cima de mim de novo para explicar como prender o carretel, recarregar o fio, etc. Já aproveitou e cortou mais um bom tanto da grama.

E esta cena se repetiu por mais algumas vezes. Resultado, eu não cortei quase nada e o Paulinho fez praticamente tudo.

Quando ele terminou deu aquela vontade de pedir para ele recolher toda a grama cortada, afinal, se o Paulinho gosta tanto de aparar a grama, bem que podia ter feito o serviço completo.

A lição que tirei deste dia foi que a preguiça é tão contagiosa quanto a pró-atividade.

A mesma dificuldade que temos para iniciar algo é a mesma que temos para parar de fazê-lo se estamos empolgados e se está dando certo.

Agora é só esperar o Paulinho estar longe, bem longe, para eu finalmente aprender a roçar a grama e queimar algumas centenas de calorias.







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